Frente de massa *Frente de Massa
Uma ocupação se inicia com a formação dos grupos de famílias, que inclui a realização dos trabalhos de base e conscientização que se desenvolve nos acampamentos, enfrentamentos, manifestações, negociações, na conquista da terra. Para esse conjunto de ações existe a Frente de Massa, que faz a travessia das pessoas de fora para dentro do MST, que no processo da luta popular, vão se constituinte e criando a identidade Sem Terra.
*Formação
As diversas formas de luta, por si só, já são um elemento fundamental na formação das pessoas. Porém, é preciso ir além e se aprofundar na compreensão do mundo e adquirir uma formação sociopolítica da qual, em geral, os trabalhadores foram privados.
Para isso, existe o Setor de Formação, que tem a tarefa de organizar cursos de formação política.
*Educação
Se a terra representa a possibilidade de trabalhar, produzir e viver dignamente, a educação é o outro instrumento fundamental para a continuidade da luta. Com isso, o Setor de Educação busca dar repostas às necessidades educacionais nos acampamentos e assentamentos. Os maiores objetivos é a erradicação do analfabetismo nas áreas, a conquista de condições reais para que toda criança e adolescente esteja na escola, isso implica na luta por escolas de ensino fundamental e médio dentro dos assentamentos, a capacitação dos professores para que sejam respeitados enquanto sabedores das necessidades e portadores da novidade de construir uma proposta alternativa de educação popular.
*Produção
Conquistados os primeiros assentamentos, o MST viu-se diante do desafio de estabelecer novas relações de produção. Os desafios enfrentados, as discussões e os estudos referentes ao desenvolvimento da agricultura no capitalismo levaram a uma nova concepção de realidade. Diante disso, três princípios fundamentais foram estabelecidos para dar origem ao modelo de cooperação agrícola do Movimento. Não separar, nas lutas pela terra e pela reforma agrária, a dimensão econômica da dimensão política; entender que a luta não termina na conquista da terra, ela continua na organização simultânea da cooperação agrícola das ocupações; priorizar o investimento na formação dos Sem Terra e dos assentados para sua qualificação profissional, tendo em vista as transformações da estrutura produtiva.
*Comunicação
A comunicação tem um papel central na sociedade na disputa entre hegemonia e contra-hegemonia. Nesse sentido, é essencial que o povo organize seus próprios meios de comunicação para que seja feita a disputa contra-hegemônica. Por isso, o MST criou o Setor de Comunicação, que tem o papel de construir os próprios meios de comunicação do Movimento, tanto com caráter mais interno quanto mais externo, assim como se relacionar e fazer a ponta entre a organização com os demais meios de comunicação.
*Projetos
Autonomia e independência financeira é fundamental para o desenvolvimento de qualquer organização política. Para isso, o Setor de Projetos tem como tarefa central a busca permanente da auto-sustentação do Movimento, dentro de uma estratégia de captação de recursos que se fundamente na busca permanente por essa autonomia. Assim, se define e se implementam estratégias de captação de recursos para atender às demandas nacionais, dos seus setores e dos estados prioritários.
*Gênero
Desde a criação do MST, sempre esteve presente o desafio da participação e envolvimento de toda a família no processo de luta: homens, mulheres, jovens, idosos e crianças são todos e todas protagonistas de sua própria história. A participação das mulheres possibilitou a organização de coletivos de auto – organização e discussão sobre sua situação de opressão de classe e de gênero. Com isso, o Setor de Gênero tem a tarefa de estimular tal debate nas instâncias e espaços de formação, de produzir materiais, propor atividades, ações e lutas que contribuem para a construção de condições objetivas para participação igualitária de homens e mulheres, fortalecendo o próprio MST.
*Direitos Humanos
O Setor de Direitos Humanos tem o papel de defender juridicamente os militantes do Movimento, resistindo ao processo de luta contra a criminalização e a violência que atingi os movimentos sociais. Além disso, tem a tarefa de interceder juridicamente nos processos ligados às políticas de Reforma Agrária junto aos setores do Estado.
Saúde
Uma das preocupações do Movimento é garantir que o Estado cumpra com seu dever em possibilitar o acesso à saúde básica. Trata-se de um direito de todo povo brasileiro, apesar de ser negado à maioria da população, especialmente no campo. Por isso, o Setor de Saúde tem o papel de pressionar o Estado para este que cumpra com sua função nas áreas de assentamentos e acampamentos, e que implemente políticas públicas de soberania, segurança alimentar, de condições de vida dignas, como medidas preventivas às doenças.
Finanças
Desde a organização dos assentamentos e acampamentos, é necessário arrecadar recursos para a realização de atividades, sejam elas culturais, encontros, projetos, etc. Para isso cria-se o Setor de Finanças, responsável pela tarefa de angariar esses recursos e de prestação de contas.
Relações internacionais
A política de Relações Internacionais do MST tem como alicerce os valores da solidariedade, do humanismo e do internacionalismo, um legado histórico da classe trabalhadora. Não há fronteiras, geográficas ou étnicas, que devam limitar as lutas contra a exploração do ser humano pelo ser humano. O Coletivo de Relações Internacionais (CRI) do MST tem o papel de articular a solidariedade às nossa lutas, contribuir com as lutas de todos os povos e despertar e aprimorar, junto à nossa base social, os valores que nos fazem mais humanos e solidários, construtores de uma sociedade socialista.
*Ocupação de terras
A ocupação de terras é a forma de luta mais importante do MST. É a partir dela que o Movimento denuncia terras griladas ou improdutivas. A ocupação gera o fato político, que demanda uma resposta do governo em relação à concentração de terras no Brasil.
*Acampamentos
No Brasil, existem mais de 120 mil Sem Terra acampados debaixo da lona preta. Próximos a grandes latifúndios, essas famílias se organizam coletivamente, e muitas vezes vivem acampadas durante anos.
*Marchas
As marchas chamam a atenção da população para os problemas dos Sem Terra e promovem a discussão sobre a realidade brasileira. As marchas são uma forma de luta essencial para o MST: a Marcha Nacional por Reforma Agrária, Emprego e Justiça, em 1997 foi responsável por colocar a luta por Reforma Agrária na pauta da sociedade, além de denunciar o Massacre de Eldorado dos Carajás.
*Jejuns e greves de fome
No caso do jejum, centenas de pessoas ficam sem comer, por um tempo determinado, num lugar público. O objetivo é simbolizar e tornar visível a fome diariamente vivida nos acampamentos.
A greve de fome é utilizada em situações extremas. Um grupo permanece, por tempo indeterminado, próximo a algum órgão do governo, até que as autoridades se disponha a atender às reivindicações. Uma ação dessa natureza se justifica quando há vidas em risco e nada está sendo feito pelo governo, e para que a sociedade também pressione as autoridades.
*Ocupação de prédios públicos
O prédio ocupado é sempre a sede do órgão onde se reivindica algo. Exemplos são as ocupações nas sedes do Incra para exigir a desapropriação de determinada área. A intenção dessa ocupação é expor ao público que esses órgãos não cumpriram os compromissos assumidos e obrigar os responsáveis a negociar.
*Acampamentos nas cidades
Os acampamentos na cidade têm como objetivo mostrar para a população urbana as condições de um acampamento no campo, por conta da paralisação da Reforma Agrária. Entre os que mais repercutiram, destaca-se o que foi realizado no interior da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, durante oito meses no ano de 1987, com a participação de 300 pessoas, e, mais recentemente, o acampamento Hugo Chávez, em Brasília.
*Acampamentos diantes de Bancos
Os assentados enfrentam muitos problemas com a liberação de empréstimos e recursos para organizar o assentamento e a produção. À medida que foi aumentando o número de famílias assentadas nas diferentes regiões, foram surgindo também novas formas de pressão para que as agências bancárias acelerem a liberação de recursos. São freqüentes os acampamentos em frente a agências bancárias nas cidades do interior.
*Vigílias
As vigílias são manifestações também massivas, programadas para um período menor, mas de forma continua e permanente. Elas podem ser de protesto contra injustiças e são realizadas diante de prefeituras, fóruns, presídios e delegacias, ou de solidariedade, como a que foi realizada no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, São Paulo. Nessa vigília, os sem terra e os operários contaram com a participação de diversas personalidades e artistas comprometidos com a luta pela Reforma Agrária e por justiça social no país.
*Manifestações nas grandes cidades
O MST conduz trabalhadores Sem Terra às grandes cidades para manifestações e passeatas, na tentativa de chamar a atenção da população para os seus problemas. Essa é uma forma do Movimento ganhar visibilidade. Na maioria das vezes essas manifestações são pacificas e chamam atenção pela ordem e disciplina dos participantes, que normalmente desfilam organizadamente e utilizam muita simbologia, como bandeiras e instrumentos de trabalho para protestar contra a política do governo. Em diversos casos, no entanto, houve repressão por governos estaduais mais conservadores.
*A luta pela terra é a luta concreta para que as massas se mobilizem. É o primeiro passo e o primeiro objetivo a ser alcançado.