_Cuiabá.jpg_.jpg

Do Setor de Comunicação de Sergipe
Da Página do MST


Em 12 de Março de 1996, 2.111 famílias seguiram em uma grande marcha com tratores, ônibus, caçambas e caminhões, rumo à usina da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), na cidade de Canindé de São Francisco. De um lado, encontrava-se o sonho da terra livre; do outro, a terra cercada em cativeiro. Os que sonhavam estavam do lado de fora; a terra, prisioneira de poucos, estava dentro.

 

A luta pela terra não era fácil. Foram dias de amargura, momentos de insegurança, mas o povo não desistia e a luta seguiu em frente, surgindo assim várias ocupações. A marcha avançou para a fazenda Cuiabá, uma fazenda improdutiva com aproximadamente 3 mil hectares, que pertencia a Antônio Duarte Dutra. Ficaram acampados por 6 meses.

 

Terra livre é liberdade, e o povo foi acolhido na liberdade assim como era sua sina. Na fazenda Cuiabá ficaram acampadas 200 famílias, enquanto as demais seguiram mais uma vez em marcha até  a Fazenda Alto Bonito e ali foi concebido o projeto Jacaré Curituba, destinado a 80 empresários. O acampamento durou dois anos e ficou conhecido a nível nacional como a maior cidade negra no Brasil.

digitalizar0004.jpg
Arquivo

Em abril de 1997, os trabalhadores organizados com bandeiras, foices, violão e facão, seguiram caminhando e cantando e seguindo a canção em marcha por 12 dias, saindo de Canindé do São Francisco até a capital Sergipana, com pauta de reivindicação das áreas do Alto Sertão.

 

Mesmo com certa complacência do proprietário da fazenda ocupada, que não arquitetou restrições à desapropriação, a luta dos acampados foi árdua: o Estado não viabilizava a realização rápida do assentamento. Os acampados tiveram que enfrentar fome, problemas de saúde e a tensão com a comunidade local.

digitalizar0002.jpg
Arquivo

Mas a luta foi vitoriosa. Hoje, a área se tornou um projeto de reforma agrária, e um marco histórico na luta do MST no Estado de Sergipe. Serviu ainda como ponto de partida de “uma mudança completa no Alto Sertão, trazendo desenvolvimento econômico e social na região”, nas palavras do assentado João Gomes. Ele participou da ocupação da Chesf e defende que a Reforma Agrária  pode ser a solução para a melhoria econômica, política, cultural e social ao transformar e agregar valores às famílias.

 

Esse é um grande feito do MST: dar um sentido à vida das pessoas e trazer a esperança de ter o que comer, onde dormir, onde produzir e educar seus filhos. É resgatar o sonho de uma sociedade mais justa e igualitária. E como já dizia o poeta: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mais sonho que se sonha junto é realidade”.

 

 

*Editado por Fernanda Alcântara