Por Rafael Tatemoto
Da Página do MST

 

No último dia do Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha, as crianças presentes tiveram um espaço coletivo de discussão sobre alimentação saudável. A plenária realizada nesta quinta-feira (26) foi o segundo espaço envolvendo todos os participantes do evento. 
 

Izabel Grein, do Setor de Educação do MST contribuiu no debate junto às crianças na discussão realizada durante a manhã. Para introduzir o tema, Grein apontou o papel das grandes corporações na criação e comercialização de alimentos não saudáveis, transformando a produção em mercadoria.
 

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Fotos: Douglas Mansur

“Por que a gente fala em alimentação saudável? Porque existe uma que não é. Que não ajuda a gente a crescer, que traz doença, que deixa a gente fraco. Quem produz essa alimentação que não é saudável? Nós temos grandes indústrias multinacionais que processam nosso alimento, e vão fazendo com que no mundo inteiro as pessoas comam a mesma coisa. Com a produção com monocultura e veneno, acaba que o alimento deixa de ser alimento”, defendeu. 
 

Durante as falas das crianças, foi apontada a necessidade de preservação das sementes crioulas como contraponto ao modelo mercadológico. A Sem Terrinha vinda do Ceará Dandara dos Santos Feitosa, de 10 anos, apontou a importância de sua família para a compreensão de que um modelo agrícola alternativo é possível. Além disso, destacou a necessidade de apoio à produção dos assentamentos.
 

“Minha escola é dentro do assentamento. Lá, a merenda escolar é produzida por assentados e assentadas. Os Sem Terrinha se alimentam do fruto da Reforma Agrária. Com as pessoas e a natureza convivendo em harmonia, teremos comida saudável em nossa mesa todo dia”, disse. 
 

Experiência
 

Antes mesmo da plenária, os Sem Terrinha puderam vivenciar a questão da alimentação saudável através da Cozinha da Roça Zequinha. Com cinco refeições diárias para cerca de 1200 crianças, o espaço apresentou números grandiosos: a cada almoço e janta, cem quilos de feijão, 130 de arroz e cinquenta de verduras. 
 

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Foto: Douglas Mansur

Ester Hoffmann, integrante da Direção Nacional do Movimento e responsável pela coordenação da Cozinha, destaca que cada delegação, vindas dos estados onde atua o MST, trouxe produtos de seus assentamentos e acampamentos. Ela aponta também que a alimentação foi mais uma das formas de integração cultural entre os Sem Terrinha. 
 

“Vários  dos produtos que nós estamos utilizando vieram de nossas áreas: verduras, frutas, leite, manteiga, queijo. Foi pensado todo um cardápio envolvendo o Setor de Saúde, com a não utilização de diversos produtos que só nos fazem mal. Produtos com veneno, embutidos como salsicha e evitando o uso de muito açúcar e sal. O cardápio foi bem diversificado. Foram pensadas as regionalidades. Muitas crianças, por exemplo, nunca haviam comido cuscuz e hoje no café da manhã tiveram a oportunidade de experimentar”, comenta. 
 

Todo esse esforço, segunda ela, foi capaz de “incentivar as crianças a comer frutas e verduras e produtos que vem da roça”, desenvolvendo na prática o tema da alimentação saudável.
 

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Foto: Douglas Mansur

Acompanhe o especial do Encontro Sem Terrinha.
 

*Editado por Gustavo Marinho