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Do Brasil de Fato


Diante de um novo ciclo de debates sobre da renovação ou não da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), movimentos populares, organizações sociais, redes e personalidades de toda a América Latina estão organizando uma campanha para tentar interromper a ocupação militar no país que já completa 11 anos.


Como primeiro passo, os organizadores da campanha, entre eles a Articulação Continental dos Movimentos Sociais na ALBA, pedem para que mais movimentos, organizações e pessoas enviem assinatura para o documento "Não em nosso nome - Que retirem as tropas e cessem a ocupação no Haiti já!”. A ideia é pressionar as autoridades e os países que ainda auxiliam na operação, como o Brasil, Argentina, Bolívia, El Salvador, Perú, Uruguai, entre outros.


O período da campanha é estratégico uma vez que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou na última quarta-feira (16) uma roda de conversas para discutir a questão. A discussão deve se encerrar em 15 de outubro, quando o Conselho de Segurança deve anunciar se a missão permanece ou não no país.


"Por mais de 11 anos , ouvimos as desculpas oferecidas para tentar justificar a abolição da soberania do povo haitiano e a violação do seu direito à autodeterminação. É tempo de pôr de lado as mentiras e enganos e ouvir a voz das comunidades e organizações no Haiti, que exigem respeito pela sua dignidade, seus direitos, sua capacidade. Haiti não é uma ameaça para a paz e a segurança hemisférica, como o Conselho de Segurança diz a cada 15 de outubro, quando renova o mandato da Minustah", diz trecho da carta enviada pela campanha contra a ocupação militar.

 

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Também na carta, os organizadores afirmam que a Minustah tem falhado em seu propósito e de ter manipulado eleições - como a realizada em 2010/2011 para escolha do presidente do país -; além de ser responsável por inúmeras violações de direitos humanos que incluem casos de violência e abuso sexual de mulheres haitianas.


"Finalmente, fazemos um forte apelo às organizações sociais de nossa região e para a comunidade internacional e agências multilaterais universais e regionais que têm sido parte de uma forma ou outra, em diferentes fases deste processo infeliz no Haiti, a adotar medidas reais de solidariedade com o povo irmão do Haiti, apoiados pelo respeito inabalável a soberania e auto- determinação, de modo a reforçar e aumentar experiências de cooperação e construção de poder popular já existentes no Haiti. Viva ao Haiti livre e soberano!", finaliza o documento.


Já assinam o manifesto diversos organizações e pessoas de países latino-americanos, entre os do Brasil estão o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Jubileu Sul Brasil, a União de Negros Pela Igualdade (Unegro) e a Associação dos Professores da PUC-SP; além de Frei Betto, a historiadora Virgínia Fontes e o jornalista Mário Augusto Jakobskind.


A íntegra do documento pode ser acessada aqui. Para assina-la, basta encaminha um email para haiti.no.minustah@gmail.com.