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Por Julio Ferreira
Da Página do MST


Cerca de 300 famílias voltaram a ocupar um terreno urbano na cidade de Aracati, no Cerará, nesta sexta-feira (8).


O terreno está localizado na Avenida Dragão do Mar e já fora sede de uma grande cerâmica, hoje abandonado.


Segundo Paulo Henrique Campos, integrante do MST, a ocupação, chamada de Comuna, faz parte de uma estratégia do Movimento de repensar a cidade a partir da ótica dos que são invisíveis pela lógica do capital.


“Há uma grande especulação imobiliária urbana e trata-se do mesmo inimigo que está no campo”, afirma Campos. A ideia da comuna nasceu em São Paulo, e hoje se encontra em várias regiões do país.


No Ceará, a primeira Comuna, 17 de abril, aconteceu em Fortaleza, num antigo latifúndio da família Montenegro.


Ocupação


Após ocuparem o terreno no último domingo (3), as famílias começaram a se organizar, limpar a área, construir o barracão coletivo e a medir o espaço de suas barracas.


Ao mesmo tempo, a coordenação formada pela Organização Popular de Aracati (OPA) e o MST agilizava as negociações com os governos municipal e estadual.


Enquanto isso, segundo os Sem Terra, a Polícia Militar chegou a aparecer por três vezes no local, querendo intermediar em favor do suposto dono do terreno.


Na tarde da segunda-feira (4), um canal de negociação foi aberto com o governo do estado, que sinalizou de forma positiva na construção das moradias.


Elisângela Gomes, militante do MST, participou da negociação e disse que o secretário das cidades, Ivo Gomes, se comprometeu em incluir as moradias dentro do novo programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal.


Ainda segundo Elisângela, o secretário se comprometeu com a negociação do terreno.


Despejo


Todavia, às duas horas da manhã do dia seguinte as famílias acordaram com o barulho de tiros. Segundo os Sem Terra, era o proprietário do terreno com cerca de 60 homens armados, que colocaram as famílias para fora da área, sem que pudessem retirar seus pertences. Muitas coisas foram destruídas, e nos barracos atearam fogo.


"Eles chegaram chamando a gente de vagabundos, torando as cordas da rede e atirando", relatou dona Francisca, uma das famílias acampadas. Apavoradas, as famílias ligaram para o Major, na esperança de encontrarem proteção do Estado.


Mas segundo os organizadores, foi grande a decepção quando chegaram as viaturas, já que ficaram do lado de lá com as armas apontadas para os desabrigados.


Resistência


Mesmo com a repressão, as famílias continuaram acampadas na avenida. Às 8h30 da manhã da quarta-feira (6) estava marcada uma audiência com o prefeito de Aracati, Ivan Silvério (PDT).


Na audiência, ficou acordado que a prefeitura irá começar o cadastro das famílias nesta sexta-feira (8), além de garantir a doação de lonas, água e cestas básicas.