Da Página do MST


Com doações milionárias às campanhas de parlamentares, setores do agronegócio, mineração e bancos controlam a maioria dos parlamentares da Câmara eleitos em 2014. 


O Congresso eleito em 2014 é considerado um dos mais conservadores desde a redemocratização do Brasil. Fato que contribuiu para isto foram as massivas doações de empresas às campanhas de parlamentares. 


A maior bancada do Congresso não será de um partido; será da J&F, dona do frigorífico JBS e a maior doadora de campanha nestas eleições. Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, a empresa doou mais de R$57,6 milhões, quantia que foi fundamental para eleger mais de 160 deputados.    


A bancada financiada pela J&F é maior que a soma dos deputados eleitos do PT (70) e do PMDB (66), partidos que mais elegeram deputados. Outras empresas, como a construtora Odebrecht, doou R$ 37, 9 milhões, ajudando 141 deputados a se elegerem. Outras companhias, como Bradesco e Itaú Unibanco, as construtoras OAS e Queiroz Galvão, a Ambev, e a mineradora Vale também elegeram mais deputados que o PT.


Interesses


As empresas alegam que as doações não têm cunho ideológico, e que “pretendem colaborar com o debate democrático do país”. 


No entanto, o juiz Marlon Reis, membro do Comitê Nacional do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, em entrevista ao Valor, afirma que com o envio de dinheiro para as campanhas de parlamentares, as empresas ficam "blindadas" e "capazes de influir sobre as decisões" do Legislativo. 


"Não há doações desinteressadas. São feitas com propósito de assegurar vínculo robusto com os eleitos", diz. "Como nosso sistema é baseado em doação empresarial, ter esses recursos significa ganhar a eleição", afirma.


Para Marlon Reis, as novas regras apenas deram clareza à grande quantidade de doações empresariais a candidatos, mas, agora, "não é mais uma questão de transparência, pois é preciso mudar as regras do jogo".


Constituinte


A proposta de Reforma do Sistema Político, promessa principal do novo mandato da presidenta Dilma Rouseff, é vista por diversos movimentos sociais e setores da esquerda como fundamental para barrar essas doações massivas de empresas, que elegem candidatos comprometidos com seus interesses.


Nesta terça-feira (04/10), uma mobilização reuniu mais de mil pessoas no vão do MASP, em São Paulo, para exigir que o plebiscito sobre uma Constituinte do Sistema Político seja realizado.  


“O sistema política está viciado, os parlamentares eleitos por esse sistema não tem interesse em mudá-lo. Por isso a presença do povo nas ruas é tão importante. Com a mobilização popular se muda a correlação de forças dentro do Congresso. Eu fui deputada e vi isso de perto: quando existe pressão popular, a opinião dos deputados se modifica completamente”, afirmou a ex-candidata à presidência pelo PSOL, Luciana Genro. 


A campanha pelo plebiscito colheu neste ano mais de oito milhões de assinaturas pelo país inteiro, exigindo que haja uma consulta à população para a criação de uma assembleia constituinte, que realize uma reforma do sistema político.


Na Câmara, um decreto legislativo que convoca uma assembleia constituinte exclusiva para a reforma política já foi apresentado ao legislativo. Se o projeto for aprovado, os eleitores irão às urnas para dizer ‘sim’ ou ‘não’ à seguinte questão: “Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político?”


O advogado Ricardo Gebrim, da Consulta Popular e integrante do Comitê Nacional da Campanha do Plebiscito ressalta que esse é o início de uma série de atos que estão acontecendo em todo o país. “A campanha vai crescer muito mais a partir de agora. Nosso encontro é na rua, com o apoio da população vamos conseguir o plebiscito oficial".